sábado, 19 de março de 2011

Adão, Eva e a bigorna.


Em alguns momentos imagino como se sentiram Adão e Eva após terem pecado. Penso naquela sensação de vazio que provavelmente se apossou deles no momento após a desobediência, como se uma bigorna de muitos quilos fosse jogada de uma altura de 20 metros e caísse diretamente em suas costas e ali permanecesse ralando e pesando constantemente. 

Penso também nos olhos de Adão que de uma visão perfeita passaram a ser turvos e míopes, após ter contemplado com tanta clareza a glória de Deus nas coisas que foram criadas, numa agonia tremenda e um sentimento profundo de insegurança, não reconhecendo mais a dimensão e a forma correta das coisas. Como deve ter sido a primeira vez que eles experimentaram o medo? E a vergonha? E a rejeição? Imagino como deve ter sido difícil para os dois lidarem com a dor incessante, após terem vivido em meio a tanta paz, alegria e pureza.

E as lembranças da vida no jardim do Éden? Dos passeios com Deus no fim da tarde? Saber que perderam o privilégio de terem aquela vida deve ter causado um enorme baque nas almas de Adão e Eva. E o desespero de não poderem mais ouvir a Deus? E o vazio de ter agora um espírito morto e inativo?

Mas ainda pior deve ter sido a dor do segundo Adão. Muitos mil anos após a morte de Adão e Eva a terra pode receber novamente a presença de um homem nascido sem pecado, que como eles conhecia a glória de Deus em sua plenitude, e por opção decidiu destituir-se de toda a sua magnitude e grandeza para viver como um homem comum.

Ao contrário do primeiro, este segundo Adão não sucumbiu ao pecado, antes resistiu a todas as tentações que lhe foram oferecidas, seu trabalho aqui lhe exigiu um alto e doloroso preço.

Este segundo Adão não escolheu o pecado, mas optou por tomar sobre si todos os pecados cometidos pelo primeiro Adão, juntamente com Eva e sua descendência, para que estes pudessem voltar para o Jardim do Éden, voltar para a casa do PAI.

Agora penso na dor que Ele sentiu. Sem pecado, sem falha, sem culpa, recebeu muito mais que uma bigorna jogada em suas costas, recebeu o peso de todas as toneladas e toneladas de bigornas carregadas com todos os pecado do mundo acumulando-se em seus ombros, rasgando suas costas, caindo por sobre sua cabeça peito, braços, pernas e pés, causando-lhe feridas enormes. Quanta dor! Quanto sofrimento!

Agora aquele Homem puro tornou-se sangue e ferida, cheio de angústia e aflição, sentimentos que o acompanharam em cada passo que deu até sua morte, crucificado como um ladrão,  tendo que enfrentar todo este sofrimento sozinho e calado.

Mas por que alguém faria isso? O que moveu este Homem a suportar tanto peso por vontade própria?

Algo que nem Adão, nem Eva, nem sua descendência são capazes de compreender. AMOR genuíno! Este foi o grande plano de resgate traçado por aquele PAI que sentia falta de seus filhinhos correndo e brincando no seu jardim. Que desejava ardentemente passear com eles novamente e dizer aos dois "Vocês voltaram"! "Que saudade o PAPAI sentiu"! Que ansiava em ver seus filhos livres e puros novamente, desfrutando de tudo que ELE planejou para eles. 

Amor tão verdadeiro que não mediu esforços para retirar as bigornas dos ombros de seus pequenos, tomando-as sobre si mesmo. Um pai faz mesmo loucuras por seus filhos!

O segundo Adão foi perfeito! Cumpriu com maestria sua missão na terra! Tanto que ressuscitou ao terceiro dia, e recebeu o nome que passou a ser autoridade máxima na terra e nos céus. "JESUS" é seu nome. 

Nós, como filhos de Adão e Eva, recebemos por presente imerecido (mais conhecido como GRAÇA) a possibilidade de escolhermos por entregar a bigorna cheia de peso do pecado a aquele que suportou as suas muitas toneladas em suas costas, e aniquilou-as com o sacrifício perfeito, tendo o poder de jogá-las no mar do esquecimento, e nos tornarmos genuinamente FILHOS deste PAI tão amoroso.

Que nossos olhos possam ver com perfeição novamente, que nossos espíritos estejam reavivados, que possamos entregar a bigorna ao que um dia já a carregou em seus ombros para que pudéssemos estar livres hoje, que voltemos ao jardim, à casa do PAI, agora não mais como Adão e Eva, mas semelhantes a JESUS, para glória de Deus. Amém!